:: ArtigosDiversidade dentro das empresas: a responsabilidade individual e coletiva de cada profissionalFelippe Virardi10/01/2019 13:21:00O
debate sobre a inclusão e o respeito à diversidade chegou às organizações, e já
não era sem tempo. Vivemos em um país onde a multiplicidade de raças e costumes
formou nossa cultura e identidade nacional. Acolher e integrar essas diferenças
é um dever das organizações. Mas apesar de ser um assunto que vem ganhando
força e começando a ser considerado indispensável algumas empresas ainda estão
atrasadas na formação de equipes mais diversas.
Uma pesquisa realizada em 17 países
mostrou que a alta gerência no Brasil dá pouca ou nenhuma importância à
diversidade. Segundo o levantamento da Global Nerworking of Directors,
com a participação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 72% dos
entrevistados no Brasil responderam que a diversidade de gênero é pouca (19%
deles) ou nada importante (53% deles) na seleção de candidatos. Quando
comparamos com os resultados internacionais, o percentual de respondentes que
considera a diversidade de gênero como importante é de 51%, sendo: 21%
moderadamente importante, 14% muito importante é 16% extremamente importante.
Quando questionados sobre a diversidade por etnia ou raça, os consultados
brasileiros responderam que esse fator é pouco importante (13%) ou nada
importante (74%) no recrutamento dos candidatos. Na amostra total, esse fator
de etnia e raça é pouco importante para 29% ou nada importante para 36% dos
respondentes.
Derrubar
essas barreiras sociais de racismo, machismo e preconceito são emergenciais
para o desenvolvimento das empresas. Ao construir equipes mais diversas e
disseminar dentro das organizações o respeito à diferença estamos fomentando a
inovação. Afinal de contas, aceitar a
diversidade não é apenas conseguir lidar com gêneros, cores ou orientações
sexuais distintas, mas principalmente respeitar ideias, culturas e histórias de vida diferentes da sua.
Não se trata apenas de
um discurso da moda. A diversidade está se provando cada dia mais como
ingrediente para o desenvolvimento e progresso das empresas. Um estudo feito
pela Organização McKinsey & Company mostrou que empresas com diversidade
racial possuem 35% mais chances de ter rendimento acima da média em seu setor
de atuação, já a diversidade de gênero eleva em 15% as chances de rendimento
acima da média para setor. Ainda de acordo com o levantamento, nos Estados Unidos, para cada 10% de aumento na diversidade racial
ou étnica na equipe de executivos, os lucros aumentam 0,8%.
Existe
uma explicação muito simples para esses números. Ao aumentar a multiplicidade
dentro das equipes ampliamos também o olhar empático, e nosso conhecimento
sobre o mercado de atuação e público alvo. Ao trazer ideias, bagagens e
vivencias diferentes para o debate estamos enriquecendo e ampliando nossa
capacidade de encontrar e entender a dor do cliente, e consequentemente, nossa
habilidade em solucionar os problemas. Sem falar que nossa comunicação e
relacionamento interpessoal melhora consideravelmente quando conseguimos
conviver com o diferente.
O departamento de Recursos Humanos precisa ser protagonista
ao defender a diversidade dentro das equipes. Mas apesar de ser a peça central
que irá fomentar e disseminar o assunto na cultura empresarial, outros
departamentos, junto com a liderança, precisam atuar de maneira ativa na
construção de equipes heterogêneas. O RH é um grande influenciador do
tema, mas ele não faz nada sozinho! Nesse sentido a informação é uma grande
aliada na disseminação de uma cultura empresarial. Trazer o tema para por meio
de treinamentos, comunicação interna, cursos, pesquisas, debates e claro o próprio
recrutamento. Campanhas de endomarketing promovendo o respeito e a valorização
das diferenças contribuem para a formação de uma cultura de diversidade nas organizações.
Falando
especificamente sobre esse último, atrair talentos diversos requer um olhar
humano e empático, além de ter a diversidade como um valor indispensável dentro
da organização, o processo de contratação precisa ser o primeiro a abandoar
preconceitos, colocando nos requisitos da vaga as competências técnicas e
comportamentais da cadeira em aberto e deixando de lado os requisitos como
idade, gênero, padrão estético ou físico.
A
mundança para uma empresa mais inclusiva que respeita e fomenta a diferença em
suas equipes nasce da mudança cultural de mindset em toda a sociedade. Por isso
mesmo as pautas de diversidade e inclusão precisam ser cada dia mais
discutidas. É responsabilidade de todos os funcionários, de todos nós,
desconstruir pensamentos e atitudes segregadoras e multiplicar uma cultura mais
inclusiva dentro das organizações.
Se
você conhece pessoas ou empresas que não conseguem conviver e/ou incentivar um
ambiente com pessoas diferentes, que se vestem, pensam e agem diferentemente
umas das outras, eu posso afirmar, que em pouco tempo essas organizações não
terão espaço para ganhar novos mercados e nem mesmo sobreviverem dentro dos
setores em que atuam. A diversidade é hoje a grande chave na promoção da
inovação e temos visto o quanto sem inovação não há sustentabilidade e, muito
menos, futuro.
Felippe Virardi é formado em administração de empresas,
executivo com mais de 10 anos de experiência na área de marketing e vendas e
headhnter na Trend Recruitment, boutique de recrutamento e seleção para marketing
e vendas.
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