:: ArtigosTrabalho, Lazer e TempoRivaldo Chinem13/03/2019 14:45:00Lazer foi uma palavra
concebida como fruto da pós-Revolução Industrial, embora a manifestação
associada ao lúdico, à diversão, inclusive fora do ambiente de trabalho já
existisse muito antes. Aborígenes da Austrália registram manifestações ligadas ao
jogo, à diversão e até mesmo a guerras e lutas há 40 mil anos antes de Cristo.
Vieram os períodos do Egito Antigo, Pérsia, Síria, Babilônia. Na Grécia Antiga
há o registro da chamada skole, e nela o espaço para os gregos
refletirem e manifestarem o culto ao corpo e ao espírito, onde o ócio é muito
valorizado. Tanto que o negócio é a negação ao ócio. O ócio era o momento mais
importante da sociedade grega, permitida aos filósofos, ao passo que o negócio
era considerado secundário, feito por imigrantes, por escravos. Na Roma Antiga
havia os licere, onde existia uma permissividade para as pessoas se
divertirem, na política do Pão e Circo. As arenas de gladiadores eram
construídas como espaço de manifestação desse ambiente de não trabalho. O
negócio acabou sendo sobrepujado em detrimento ao ócio, principalmente a partir
do cristianismo.
Reflexão do Professor
Ricardo Uvinha, da USP, em reunião apresentada pela revista E que
circula na rede Sesc. A Revolução Industrial marca um período muito forte de
controle de tempo: do tempo cronometrado. O relógio já existia, mas passava a
fazer muito sentido nessa época. Você tinha um tempo para trabalhar e um tempo
para descansar desse trabalho. No meio rural as pessoas trabalhavam em certas
épocas do ano. No período das chuvas e do inverso rigoroso não se trabalhava. A
partir da instalação das máquinas se tinha um horário para desenvolver o seu trabalho.
No tempo do trabalho as pessoas tinham controle do patrão, da indústria e tudo
mais. Mas o não trabalho, o tempo que se dispendia para a atividade esportiva,
para o bar ou para uma festa também tinha certo controle. Era importante saber
como o trabalhador se divertia para ele recuperar a força do trabalho, para ele
não estar ligado aos vícios.
O termo lazer foi associado
como um tempo liberado das obrigações. O lazer está presente em diversas
culturas. A forma como ele se manifesta depende muito das relações que se
estabelecem com o meio societário, com as questões ligadas à economia daquela
cultura, daquele país focado. Ou seja, o lazer acaba sendo um produto muito
importante de manifestações de valores culturais dos mais diversos, sejam eles
esportivos, turísticos, sociais, entre vários outros. Deixar de responder
um e-mail por 24 horas parece algo que não deveria acontecer, mas cabe
unicamente a nós refletir como usar a tecnologia a nosso favor para valorizar,
inclusive, o lazer como direito social.
Rivaldo Chinem é autor vários livros, como “Terror Policial” com Tim Lopes (Global), Sentença – Padres e Posseiros do Araguaia” (Paz eTerra), “Imprensa Alternativa – Jornalismo de Oposição e Inovação” (Ática), “Comunicação Corporativa” (Escala com prefácio de Heródoto Barbeiro), “Marketing e Divulgação da Pequena Empresa” (Senac) na 5ª.edição, “Assessoria de Imprensa – como fazer” (Summus) na 3ª. Edição, “Jornalismo de Guerrilha – a imprensa alternativa brasileira da censura à Internet” editora Disal, Comunicação empresarial – teoria e o dia-a-dia das Assessorias de Comunicação” , editora Horizonte, “Introdução à comunicação empresarial”, editora Saraiva, “Comunicação Corporativa” editora Escala com prefácio de Heródoto Barbeiro ; e "Comunicação empresarial - uma nova visão da empresa moderna" (Discovery Publicações).
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